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Edital

Ela disse adeus.

Camila, a Santa Camila. Jeitinho fofo, sotaque do Sul e disposição de sobra. Ela dividiu momentos inenarráveis comigo, aqui, nos Estados Unidos. Um pouco dos primeiros como adultos, um pouco dos últimos como adolescentes e, até, um pouco dos eternos momentos como criança.

            A gente dançou, brincou, brigou, reconciliou, brigou de novo, ficou de cara feia e percebeu que se gostava mesmo. Mas até isso é válido. Ah, e a gente viajou. Não foi tanto, mas foi memorável. É ainda mais entusiasmaste ver o brilho de Nova York através das lentes dos seus óculos embaçadas pela neve. Devo admitir que foi um pouco aliviante ver alguém ainda mais embasbacado do que eu por causa daquela cidade. E depois de um dia inteiro batendo perna sem rumo algum, nem foi tão ruim assim comer aquele pão murcho da estação do ônibus.

            Mas as coisas chegam a um fim, ou pelo menos à uma vírgula. É assim que quero me despedir de você. Não com um ponto final que acaba de forma abrupta e malvada como o livro que adoramos ter lido. Prefiro me despedir com uma vírgula. Uma vírgula, para que esse sonho que vivenciamos juntos fique imortalizado em nossas mentes, pelo menos até o momento em que um de nós decida escrever um pouco mais e dar continuidade à magia.

            Se sabemos que vamos todos chorar no final, por que ainda arriscamos a começar? Se sair de casa rumo ao desconhecido é tão difícil por que será que é tão válido sofrer a dor da partida em detrimento dos bons momentos juntos?

            Eu sinceramente não tenho a resposta para nenhuma dessas questões. Mas posso dizer com plena certeza, não hesitaria por nenhum momento fazer tudo de novo. Só me resta dizer-lhe muito obrigado por tudo e boa sorte nessa nova batalha de volta para casa.

            Desculpe desapontá-la, mas eu não sei como vai terminar, como você me perguntou. Nem sei se terminou. Como faz então? Também não sei. E nem sei sequer se quero mesmo saber. Espero ainda apenas que isso seja uma vírgula nesse livro, cujas páginas ainda iremos terminar. Espero estar no máximo de páginas possível. E também espero que o seu livro, Camila dos Reis, seja um Best-seller.

 

 

Sobre O Zepelim

.♠ No ano de 1953 conheci o Madson, ou Moica (como era chamado na época) . Ainda morávamos na Africa do Sul, onde seu avô, Durvalindo da Silva Campos, tinha uma fábrica de papel higiênico. Mudamos para Budapeste, onde passamos toda a nossa infância empinando pipas e brincando com o meu cachorro, o Bob. Porém, perdemos o contato desde que me mudei para o Hawaii. Fiquei sabendo do paradeiro do Madson atráves da notícia de capa do Le Monde, onde tive a oportunidade de saber que ele havia construido uma casa em Istambul e montava maquetes de argila da cidade de Deus. Nostalgicos beijos Moica, saudades dos velhos tempos .♠ (Por Ana Carolina Dias)

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